segunda-feira, 6 de junho de 2011

O QUE É EDUCAÇÃO E A IMPORTÂIA NA SOCIEDADE


Estamos vivendo um momento histórico de profundas mudanças políticas, sociais e educacionais. Dentro deste contexto pretende-se analisar o que é educação e qual a importância no processo de humanização. Para tanto, valeu-se de algumas obras que tratam do tema, textos discutidos em sala de aula, além de conhecimentos prévios decorrentes de outros estudos e leituras. Assim, espera-se como resultado um outro jeito de pensar a educação onde prevaleça a formação do ser humano dentro da ética.

Dessa forma, é interessante lembrar que a educação está em todos os lugares e faz parte da vida de todos os seres humanos. Desde os povos primitivos onde a sabedoria era transferida na convivência entre as pessoas pelos atos de quem sabe e faz para quem não sabe e aprende. Não havia momentos especialmente reservados para o ato de ensinar, como atualmente, mas a criança vê, entende, imita e aprende a sabedoria que existe no próprio gesto de fazer a coisa. Todas as relações entre crianças e natureza, guiados de mais longe ou mais perto pela presença de adultos conhecedores são situações de aprendizagem. Na espécie humana a educação não continua apenas o trabalho da vida, mas se instala dentro de um domínio de trocas, de interações, de padrões de cultura e de relações. “A educação é, com outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade.” Ela aparece sempre que há relações entre pessoas e intenções de ensinar e aprender sem a necessidade de um espaço especificamente para tal, como as escolas o são. (BRANDÃO, 1995, p. 10)

Para efeito, o autor destaca o excerto de uma carta escrita por uma tribo indígena em resposta ao convite de enviar índios para estudar nas escolas americanas, que diz muito sobre o que é a nossa educação.

[...] Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração.

Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.

[...] Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.

Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens. (BRANDÃO, 1995, p. 8-9).

Neste sentido, a questão da formação do ser humano, principalmente em relação aos valores éticos e morais vem sendo substituída por uma formação tecnicista, voltada à demanda do mercado capitalista da pós-modernidade. Dito de outra forma, a educação visa uma formação de sujeitos competitivos capazes de trabalhar para o fortalecimento deste modelo monopolizador, onde vale qualquer coisa para se obter o lucro. Como também, muda seu significado conforme a diversidade existente na sociedade, ou seja, ela muda de acordo com as variações da época, da clientela, da cultura, da política, da economia.

Diante disso, é mister destacar que a educação, por não ser um pilar isolado, sofre influências de todos os lados, tanto positivas quanto negativas, assim como todos os setores que fazem parte da organização de uma sociedade, inclusive de outros países. Assim sendo, a educação está além dos muros da escola, faz parte da cultura desde os povos primitivos, onde não havia a preocupação da obrigatoriedade de ensinar. De fato, na atual conjuntura social não se pode negar a importância da educação na organização e desenvolvimento de um país.

No Brasil, a educação, mesmo sendo um dos direitos básicos para a vida digna, ainda não atende completamente e satisfatoriamente as necessidades da demanda populacional, haja vista, que é necessário muito mais do que colocar simplesmente os alunos na escola para preencher índices regidos por organismos internacionais. De fato, ao longo da história, percebe-se muitos avanços, principalmente nos últimos anos quando iniciaram as discussões sobre educação para todos.

Sob este prisma, um dos marcos é a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, na qual a educação passa a ser um direito a toda e qualquer pessoa, independente de suas condições. Esse direito foi reafirmado na Conferencia Mundial sobre Educação para todos em 1990. A partir daí a educação muda consideravelmente com o início de um novo enfoque para a educação nacional: a educação inclusiva (BRASIL, 2004).

Em nível nacional, a Constituição Brasileira de 1988, destaca no Artigo 205: “A educação, direito de todos, dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Com efeito, a educação vem sendo amplamente discutida e ganha espaço nas políticas públicas para garantir o acesso de todos. Entretanto, existe uma dicotomia entre a intenção e a realidade, uma vez que ao analisar as leis e diretrizes nacionais da educação, verifica-se uma educação que visa à formação de cidadãos críticos e reflexivos capazes de agir e transformar a sua realidade, mas que na prática ainda persiste uma educação preocupada com o currículo escolar e não com a formação e o desenvolvimento da pessoa como prevê a Constituição.

A educação ganha força no país e vem sendo cada vez mais questionada em todos os setores da sociedade. Dessa forma foram sistematizadas políticas específicas para a área como as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961, 1971 e 1996, como forma de afirmar e garantir a educação como direito necessário para o desenvolvimento do ser humano. Especificamente a Lei nº 9.394, a qual destaca a educação inclusiva, o que não ocorreu nas anteriores. Diga-se, um grande avanço em termos educacionais em nosso país.

Assim, a educação vem tentando superar antigas concepções para atender às demandas impostas pela sociedade capitalista. Como é sabido, através das leis e políticas públicas o Brasil tem um sistema educacional organizado e estruturado, com erros e acertos, mas que tenta garantir o acesso de todos. Porém, na realidade brasileira, visto tamanhas injustiças e desigualdades sociais, fica um tanto difícil proporcionar uma educação com qualidade e que atenda as reais necessidades da população. Bom exemplo disso é a educação inclusiva, amplamente divulgada pelo Ministério da Educação, para garantir o direito de todos à educação. Entretanto, como já dito anteriormente, não basta à presença física do aluno na sala de aula, necessário se faz formar e capacitar, antes de tudo, profissionais qualificados para trabalhar com alunos com necessidades educacionais especiais.

Frente ao exposto, importa ressaltar que a educação é peça fundamental para promover o desenvolvimento humano uma vez que este é um ser de relações sem as quais não há mudanças. As pessoas são seres capazes de pensar e transformar a sociedade através da educação. Os sentidos podem variar tanto para o bem quanto para o mal. Para concluir cabe destacar a seguinte citação:

Sou sobrevivente de um campo de concentração.

Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver:

Câmaras de gás construídas por engenheiros FORMADOS;

Crianças envenenadas por médicos DIPLOMADOS.

Recém-nascidos mortos por enfermeiras TREINADAS.

Mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados em COLÉGIOS e UNIVERSIDADES.

Assim, tenho minhas dúvidas a respeito da Educação.

Meu pedido é este: ajudem seus alunos a tornarem-se humanos.

Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados.

Aprender a ler, a escrever, aprender aritmética só são importantes quando servem para fazer nossos jovens mais humanos.(Dr. HAIN GINOTT, 1973, apud. WERNECK, 2005, p. 87)

Contudo, vale ressaltar que para além das leis vigentes, nós educadores e educadoras, devemos ter consciência que ela não se faz por si só. Somos todos co-responsáveis por esse processo, portanto co-partícipes tanto no sucesso quanto no fracasso da educação.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 33 ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.

BRASIL. Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade / Coordenação Geral SEESP/MEC; v. 1. Organização Maria Salete Fábio Aranha. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2004.

BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição: Republica Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal. Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Lei nº 5.692 de 11 de agosto de 1971. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 de dezembro de 1961.

BRASIL. Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 de agosto de 1971.

WERNECK, Hamilton. Se você finge que ensino, eu finjo que aprendo. 23 ed. Petrópolis,RJ: Vozes, 2005.

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